Sunday, 12 August 2018

A Day Trip to Berlengas



Localizado a cerca de 10km de distância do Cabo Carvoeiro, o arquipélago das Berlengas é composto por 3 grupos de ilhéus: Berlenga Grande e recifes adjacentes, Estelas e Farilhões-Forcadas, todas de natureza geológica diferente da costa continental próxima. A Berlenga Grande, com 4km de perímetro, apresenta a forma de um "8" recortado por numerosas reentrâncias. A parte mais considerável da ilha, situada a oeste, chama-se simplesmente "Berlenga" e compreende dois terços da superfície total da ilha. A outra parte, a leste, separada da primeira por um estrangulamento resultante da erosão marítima sobre uma importante falha geológica, é a "Ilha Velha".

Devido à sua localização geográfica, a Berlenga benefícia de dois tipos de influências climáticas: a atlântica, nas áreas mais exposta a norte, e a mediterrânica, nas expostas a sul. Isto proporcionou ao arquipélago características faunisticas e florísticas que fizeram dele um ecossistema único, tanto a nível marinho como terrestre. Por isto, as Berlengas integram a Rede Nacional de Áreas Protegidas, constituindo uma Reserva Natural e é ainda considerada Reserva Mundial da Biosfera da UNESCO, tendo o mais antigo estatuto de protecção integral de que há memória, desde 1465 com o rei Afonso V.


Confesso que estava ligeiramente apreensiva em relação à viagem em si e tinha ouvido que as gaivotas eram problemáticas mas todos esses receios revelaram-se em vão. Saímos de Lisboa às 8h com tempo nublado e chegámos a Peniche um pouco antes das 9h30. Fizemos a travessia para as Berlengas pela companhia Berlenga Live às 10h00 (com regresso às 15h00) e apesar de ter sido uma viagem com solavancos uma pessoa acaba por se habituar. Sabem aquelas montanhas russas suavezinhas nos parques de diversões? É mais ou menos a mesma coisa.

Claro está, português que é português tem sempre aquele atrasozinho ou não seríamos conhecidos pelo nosso "quarto de hora académico". Não saímos exactamente às 10h com as pessoas a entrar e acomodarem-se no barco mas diria que a viagem durou cerca de meia hora entre Peniche e a ilha, com paragem para apreciação do Cabo Carvoeiro. Tivemos algum tempo para recuperar dos solavancos da viagem até à ilha no "Bairro dos Pescadores", na encosta sul da "Ilha Velha", e às 11h tivemos novo barco à espera para vermos as grutas da ilha, passeio incluído no bilhete que tínhamos pago. Um barco diferente do que nos tinha levado, com fundo de vidro, fez-nos o tour pelas grutas e vimos a cabeça do Elefante, a Cova do Sono onde os pescadores antigamente prenoitavam por se situar na zona sul e não ser atingida pelos ventos fortes vindos do norte, a Gruta da Flandres, a Gruta Azulo Furado Pequeno onde apenas podem atravessar barcos pequenos e com muito cuidado por ser tão estreita e devido à corrente, e atravessámos a gruta do Furado Grande que atravessa a ilha de um lado ao outro, num túnel com 70 metros de comprimento.


Fomos deixados no Forte de São João Baptista para que pudessemos fazer o trajecto de volta a pé e conhecer a ilha. Este forte foi ordenado por D. João IV para servir de fortaleza na ilha, com o objectivo de reforçar a defesa da cidadela de Peniche. Em 1835 foi desartilhada, o que levou ao seu gradual abandono mas na década de 50 do século XX foi restaurada para posterior adaptação do espaço a pousada, o que se verifica hoje em dia. Facto curioso: não há canalização de água quente no forte por isso as pessoas deixam os garrafões ao sol o dia todo e, no final do dia, tomam banho com essa água quente.

Depois de visitarmos o forte seguimos pelo Trilho das Berlengas, sempre a subir até atingirmos o planalto da ilha (o que, com sol e calor do meio dia acaba por não ser a actividade mais fácil e envolve algumas paragens para descansar). Virando à esquerda temos acesso às Cisternas e à parte mais a oeste da ilha. Seguindo para a direita vamos ter até ao Farol do Duque de Bragança, com 29m de altura e cuja construção data desde 1841, durante o reinado de D. Maria II. A luz emitida pode ser vista a mais de 50 km de distância, um feito impressionante, considerando que a estrutura usa apenas energia solar e baterias. Como o farol se localiza no ponto mais elevado da Berlenga Grande, a partir daí a viagem é sempre a descer, passando pelo Carreiro dos Cações até ao Bairro dos Pescadores.

É possível acedermos à praia desde o Bairro dos Pescadores mas é um areal pequeno para tanta gente (e a água estava ligeiramente fria) e a ilha tem muito pouca sombra para quem não quer fazer praia. Como fomos no final Julho, apanhámos sol forte o suficiente para me provocar um escaldão apesar de ter posto três vezes mais protector solar que o grupo enquanto almoçávamos e aguardávamos pelo barco de regresso. Recomendo absolutamente uma visita às Berlengas, especialmente durante o Verão, mas aconselho que levem marmitas porque o único restaurante/bar da ilha acaba por inflaccionar bastante os preços devido à falta de concorrência. Para não variar, as fotos aqui são apenas uma pequena amostra, se ficaste com curiosidade podes sempre ir ao meu Instagram.

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